p.,

por tainá pinheiro

escrever é minha droga. meu antídoto. espelho, espada, esfinge. escrever me faz parir o agora, fogo entre as pernas, sem dó nem piedade. p., escrever me faz existir – mais do que respirar. principalmente quando a morte é uma sombra. escrever me põe no olho do furacão de onde vim e me identifica, me delimita, me dá a exata medida. p., essa coisa tão selvagem que é escrever me humaniza mais que tudo. escrever é meu afago na alma, cafuné às avessas. escrever é minha lamparina acesa num quarto escuro: ilumina e me faz enxergar. escrever é meu óculos de grau – eu, que sempre fui míope. p., não se trata de jogo de palavras, isso ou aquilo: escrever tem o tamanho do que eu sou. escrever é tudo o que eu tenho. é o que eu quero ter.

com carinho,